terça-feira, 30 de novembro de 2010

Puff...Puff...Give...


E, de volta ao ácaro, ele brincou com a Alice durante horas. Saltaram por cogumelos de todas as cores e formas.
Comeram doces, estavam eléctricos... Para eles a palavra 'brincar' for levada ao extremo, brincaram até ser noite.
Quando a Lua sorriu sentaram-se num descampado, rodeados por dentes-de-leão que lhes sorriam, divertidos, até que notaram um clarão de cores vivas que mais parecia ser um arco-íris! Eram os pirilampos! Uns azuis, uns roxos, uns vermelhos, uns rosa, uns amarelos, uns verdes!!! Wooow, que visão!!
Lá dançavam eles, alheios à noite, e faziam formas brutais!!
Nisto aparece a Lagarta, com o seu habitual cachimbo-de-água, senta-se junto deles e, em jeito de 'Olá, tudo bem?' passa o cachimbo a Alice e sorri, dizendo 'Bem-vinda ao meu mundo!!'
Puff...puff...puff... Cinco, sete minutos passaram quando ela se começou a sentir 'diferente'... Se aquele mundo, por si só, já era surreal, agora a percepção de tudo o que via estava, ainda mais, 'distorcida'. No entanto isso não a preocupou, por outro lado, divertiu-a! Estava já a entrar numa gargalhada compulsiva quando uma voz diz 'Hey Alice! Tanto puff puff...e o give?! Ahahaha!', ela ri-se e passa o cachimbo ao ácaro.
Não conseguiu alhear-se daquela sensação relaxante de leveza perante tudo, queria prolongar aquela nova sensação por tempo indeterminado... Seria isto um sonho?! Se fosse...não queria acordar. A ideia de ser, realmente, um sonho fazia sentido, seria, talvez, bom de mais para ser real, por isso sim...sonho faz sentido... Ou será que não?!
Posso eu estar a usufruir do melhor do meu subconsciente e ter a consciência disso?!
Alice estava num 'quase-dilema', mas resolveu não pensar muito nisso. Quando desceu da nuvem do seu pensamento reparou que a lagarta lhe passava algo, ao perceber o que era sorriu, aceitou e viajou!

(13.11.2010)

Pi (:

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Microdermal


Quando a essência morre, já nada faz sentido...
Os meios não importam pois os fins não existem.
Uma gota desce e a alma culmina na apoteótica chatice de me saber.
A coerência diverge até se converter na inexistência.
Um papel como espelho, uma caneta como reflexo e está feito o retrato!




Patrícia Moreira.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Um nome de três letras.


Nunca pensei ter que te escrever para que me sentisses, outrora houveram tempos em que olhares bastavam.
No cantinho mais escuro do meu sótão encefálico ainda habita a página rasgada que um dia deixei cair ao perder a essência do que fomos.
E que essência... Como será possível deixar fugir tamanha presença?
Dir-se-á, na boca do povo, que "são coisas da vida". Mas terei eu de me conformar com isso?
Parece que sim.
Não vivia sem ti, pensar nisso assombrava-me de tal maneira que sacudia a cabeça como se, assim, os pensamentos fugissem mais depressa.
Éramos uma só.
Envergámos pelo tema horaciano do carpe diem, em que se existisse um lema seria "Colhe o dia/ Porque és ele", quase que viviamos em função da felicidade uma da outra, tão diferentes e tão iguais.
Contigo a aprendi a aceitar de forma calma e serena a ordem das coisas tal como eram, crescemos em paralelo.
Conhecias-me como ninguém, conhecia-te como ninguém.
Um dia a distância separou-nos mas, na troca de páginas nas quais a nossa vida diária estava espelhada, compensámos a falta presencial que sentiamos... Até o mais duro choque de me afastar de ti parecia tão banal ao saber que, mesmo assim, a unha não se havia separado da carne.
E foi a ferros que essa separação se deu, por intermédio de um alguém que desprezo por me ter tirado quem eu mais estimava, um alguém que entrou na tua vida vestido de anjo e saiu dela vestido de diabo, deixando, pelo menos em mim, marcas que o tempo nunca irá apagar.
E hoje escrevo para ti.
Escrevo porque, no fundo, sempre quis que voltassemos ao que fomos, por mais dificil que parecesse.
Escrevo porque, no fundo, nunca deixei de te sentir.
Escrevo porque, no fundo, tenho saudades tuas, tenho saudades nossas.


Patrícia.